quinta-feira, 18 de março de 2010

Aonde fomos parar?



Ficou esse gosto amargo
Metal entre os dentes
Fel no céu da boca
Ríspida a anunciada partida
O sapo ferve lento sem perceber
Fingi não acreditar
Nos prenúncios a tanto anunciados
Sempre achando que haveria tempo
Tempo é um luxo que não temos
Breve, o que é bom se finda
Como brigadeiro na colher de pau
Como no fim da pipoca, o sal
E assim de súbito a muito sabido
Fiquei eu aqui iludido
Acreditando no cessar do mal
Me abraço ao tempo perdido
Lembranças que não voltam mais
Fico preso a este cais
Esperando aportar tua nau
Andamos na mesma cidade
Nos mesmos lugares
Nos já não temos a mesma idade
Nem respiramos os mesmos ares
Como estranhos trocamos olhares
Incertos sobre o que se passa
Nos pensamentos um do outro
Seguimos estranhos e alheios
À vida de quem já foi um dia
O motivo de tanta alegria
Na vida um do outro
Onde foi para o amor?
As juras?
As ternuras?
Os agrados?
Os beijos?
Os abraços?
O toque?
A pele?
O meu amor?
O seu amor?
Aonde fomos parar?
Talvez não tenha havido
Nem sequer existido
Como os restos de uma civilização perdida
Que nunca foi achada
Quem nos vê nunca dirá
Nem sequer pode imaginar
O casal que já fomos um dia
Hoje tudo é medo
Insegurança
Apatia
Confesso tenho saudades
Daquilo que já fomos um dia

segunda-feira, 1 de março de 2010

Leito



Na impossibilidade da concretização dos afetos
Restam sonetos febris, calorosos e macios
Lugares onde a alma se aconchega e dorme
Esse é o colchao do poeta
Recheado com as etéreas plumas da paixão.

A paz que eu desejo



Tudo em você é suavidade
Do teu silêncio ao teu caminhar
Do teu sorriso ao teu olhar
Flutuas na tua brevidade

Teu universo sob teu dominar
Nada escapa da tua gravidade
A não ser essa temeridade
 Da tua fragilidade a se revelar

Doce e morna é tua presença
Leve brisa a soprar no mar
Renovando do meu peito o ar

Tudo em ti inspira o amar
Nos teus finos cabelos quero me enredar
Me perder de amor e nunca mais me achar