quinta-feira, 22 de novembro de 2012
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Devaneios
Sou a soma dos dias
A espera das horas
Do futuro a revelia
A sombra do passado
A boca cerrada
No vazio da sala
No silêncio calada
Da noite que é cela
Olhar perdido
Horizonte de pedra
A cama que geme
A dor da partida
Um banho que leve
Teu cheiro me lave
A cândida alma
Que plana na espuma
Me perco na bruma
Me cega a neblina
Não vejo o caminho
Tropeço na esquina
Que torce a rua
E quebra seu braço
Desfaz-se a reta
No L do asfalto
O beco é escuro
Me cega os olhos
O preto da noite
Que desce do alto
A chuva não nasce
Da grávida nuvem
É parto infinito
Suspenso na face
A prece que sopro
Que a franja me assanha
E a jogo pro alto
Esperança tamanha
Que a nuvem dê cria
Rebento de água
Num berro se abra
E faça-se a luz
Um homem não chora
Posto que é manha
Aceita o castigo
Sorrindo apanha
Indiferente sigo
Como o poste da esquina
Ereto e luminoso
Alheio a tua rotina
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Soneto da libertação
Enterro contigo a água
A pouca água que
consegui verter
Negando aos olhos o
direito de sofrer
Chorar por quem não
vale a mágoa
Não derramarei meu
pranto sobre ingratidão
Terra infértil onde
nada pode nascer
Não me permito padecer
Por quem não vale a
lamentação
Da partida não se fez
vácuo ou solidão
Somente a paz do dever
cumprido
De ter realizado a
missão
Morre o que não
deveria ter nascido
Sentimento impuro e
fingido
Me liberto rumo à imensidão
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