sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Apenas deixou de ser







Havia ainda a empatia;
Um misto de piedade e bem querer;
Um zelo para não fazer sofrer;
Um coração que por mim batia;

Essa chama que outrora ardia;
Já não pode mais aquecer;
Não se trata de apatia;
Apenas deixou de ser;

Nas cinzas do entardecer;
No apagar da luz do dia;
A saudade do que podia ser;
O amor que em mim morria;

Dois dentro de um já não cabia;
Não se trata de esquecer;
Apenas seguir já não podia;
Por aqui ficamos, eu e você.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016



Nada a temer

Deste cálido alento que sussurra mudo;
De que mesmo a mais aguda dor se vai;
Na derradeira hora que é mistério;

Quando o concreto se desafaz no etéreo;
A alma, liberta do corpo que cai;
Mergulhando na imensidão do sono profundo;

Um doce consolo de não ter sido tudo;
Já não me pesam as coisas que não posso levar;
Apenas o que coube na brevidade de um instante;
Retratos tatuados no olhar;

Na efemeridade das coisas deste mundo;
No segundo que não se pode voltar;
Ficarei vivo apenas;
Nas almas que eu pude tocar.