Envolto em silêncio e apatia
Sou apenas vácuo do que já fui um dia
Sepultado no que já não existe mais
Sou barco a vela amarrado ao cais
Sorriso pálido, desbotado e absorto
No espelho já não enxergo um rosto
Escuto gritos de loucura e agonia
Ecos do que outrora em mim morria
Hoje perambulo entre a sorte e a revelia
Desprovido de afeto e alegria
Navegante vendo o mar e preso ao porto
No prenúncio do fim, um alento, um conforto
De poder enterrar-se enfim o morto
Libertar a alma juntar-se a ventania.
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